Arte Bizantina
Introdução
Em
Constantinopla, a Igreja de Santa Sofia (depois mesquita), recebeu a cúpula
exatamente no cruzamento central das naves.
Construída de
532 a 537, quando o estilo bizantino já era definido, seu estilo foi levado à
subtilidade e à grandeza.
Foi a basílica
de Santa Sofia o templo cristão maior da Idade Media, quando todo o peregrino
aspirava chegar até ele. A cúpula, com 31 metros de diâmetro e 24 janelas em
torno, se apoia sobre meias cúpulas menores; estas dão um aspecto peculiar ao
todo.
A solução
arquitetônica, apoiando a cúpula maior em outras menores, caracteriza o
bizantino. O mesmo se observa na Igreja de S. Marcos, em Veneza, já do período
gótico.
Aconteceram
algumas influências do estilo bizantino no Ocidente europeu, principalmente na
Itália. Mesmo depois da divisão do Império e finalmente da formação de novos
Estados no Ocidente, se manteve uma frágil interação entre as duas regiões
cristãs.
Na Itália,
depois da queda do Império Romano do Ocidente (ano 476), o poder político teve
por algum tempo sua capital em Ravena, em mãos dos Ostrogodos (488-552), por
outro tempo em mãos dos mesmos bizantinos. Em conseqüência restam em Ravena
construções em estilo bizantino, desde o 6º século: Igrejas de S. Vital e de S.
Apolinário em classe, além do Mausoléu do Imperador ostrogodo Teodorico (cerca
de 520).
A decoração
bizantina é um rico documentário oriental no Ocidente. Com a expansão comercial
de Veneza, ocorreu também nesta cidade o estilo bizantino, marcando sobretudo a
catedral de São Marcos.
A Arte Bizantina
Chama-se Arte Bizantina
aquela produzida na parte leste do antigo Império Romano. Constantinopla, sua
capital, foi fundada em 330 d.C. e caiu sob o jugo do Império Turco em 1453
(marcando a passagem histórica da Idade Média para a Idade Moderna).
Entretanto, uma arte
propriamente bizantina não começou exatamente quando da divisão do Império
Romano em duas partes, tampouco acabou logo após a tomada de Constantinopla.
Durante os primeiros anos do Império do leste, a arte podia ser considerada
ainda romana, desenvolvendo-se com outras características posteriormente. Da
mesma forma, os padrões artísticos do Império Bizantino puderam ser observados
até aproximadamente o século XVI. Além disso, outras povos que não pertenciam
propriamente aos domínios do Império Bizantino assimilaram esses padrões, como
os eslavos.
Pode ser dividida em dois
períodos distintos: a arte Bizantina dos primeiros tempos, que vai aproximadamente
do século IV ao século VIII, e a arte bizantina mais tardia, que vai mais ou
menos do século IX ao século XV. O ponto de ruptura entre esses dois modelos
artísticos foi dado pela ação dos iconoclastas, que terminou em 843.
No século VIII foi desencadeada
uma luta contra a reprodução de imagens por Leão Isáurico (Leão II, 675 -741).
Seus sucessores acabaram intensificando cada vez mais a luta contra os ícones,
depredando com mosaicos, afrescos
e perseguindo aqueles que cultuavam imagens. Eles acabaram por destruir grande
parte da produção artística do primeiro período por motivos
religiosos-filosóficos. Seu poder foi forte no Império até o século IX. A
partir daí vemos o ressurgimento da arte bizantina com novas conquistas.
A temática da arte
Bizantina, de uma forma geral, é religiosa: eventos bíblicos, a vida dos
santos. Era função do artista representar as crenças teológicas. Devido a forte
importância das imagens, que funcionavam como verdadeiras pontes de contato
entre o homem e o divino (ícones), os artistas
deveriam seguir fielmente as tradições. Qualquer inovação ou falha na
representação de uma imagem com função tão importante poderia mesmo ser
considerada como desrespeito à Igreja. Portanto, não era exigido do artista
criatividade, originalidade, ou seu traço pessoal, sendo que pouquíssimos
mestres bizantinos são conhecidos hoje.
Mesmo quando a arte
destinava-se a prestar homenagem ao Imperador, podia ser observado um fundo
religioso, uma vez que, seguindo a tradição oriental, o Imperador era
considerado como a emanação da figura divina na Terra.
Um aspecto importante de
toda essa observação na preservação das tradições foi a conseqüente preservação
também de traços da arte grega e romana, um dos
últimos redutos de sobrevivência desses padrões na Idade Média, antes da Europa
passar a revalorizá-las durante o Renascimento. Diferenciava-se da arte
clássica, por sua vez, principalmente na exaltação do divino e não do homem
como faziam os antigos.
Por essas características,
percebe-se que era mais apropriada a arte em grande escala, para melhor exaltar
o poder que deveriam representar. Os mosaicos talvez sejam os mais famosos
trabalhos em arte do Império. Entretanto, também havia a arte realizada em
pequenos objetos, como trabalhos têxteis, jóias, trabalhos em metais e
principalmente a iluminação de manuscritos.
PRIMEIRO PERÍODO DA ARTE BIZANTINA
Nesse primeiro período,
temos a figura do Imperador Justiniano, O Grande (527 - 565) como líder de uma
das épocas de maior desenvolvimento da arte Bizantina. O Imperador era
conhecido por patrocinar a atividade, além de sua força política e militar.
A influência clássica era bastante nítida nos trabalhos
do período. Entretanto, trata-se de uma época de difícil estudo uma vez que
poucas obras sobreviveram.
Uma das maiores obras de
Justiniano foi a reconstrução da Igreja de Hagia Sophia. A Igreja, construída
por Constantino, tinha sido destruída em 532 por facções políticas rivais.
Isidorus de Miletus e
Anthemius de Tralles eram os arquitetos responsáveis pela obra. A alta abóbada
da igreja (55 m), com seus 33 m em diâmetros é uma das características mais
marcantes do templo. Além disso, espacialmente podem ser notadas combinações de
elementos das primeiras igrejas cristãs com elementos presentes nas construções
de basílicas.
A Basílica de São Apolinário
em Classe, construída no século VI, é outra boa amostra de um templo bizantino,
especialmente por conter em seu interior um belo mosaico, tipo de pintura que alcançou notável expressividade na Arte
Bizantina. Mostra o santo em oração numa paisagem estilizada, algumas ovelhas,
Moisés, Elias, uma cruz com a minúscula cabeça de Cristo na intersecção de seus
dois lados e a Mão de Deus.
O Mosaico foi decifrado como
simbolizando a Transfiguração de Cristo. Um dado interessante da arte Bizantina
é ver um mesmo tema tratado de maneiras distintas nas várias regiões do
Império. Isso acaba por provar que apesar do respeito às tradições, típico
dessa arte, ela não se mostrava fechada às variações de estilos em suas
diferentes regiões.
A iluminação
de manuscritos é a manifestação artística que permite uma boa observação da
arte Bizantina, uma vez que muitos deles conseguiram chegar até nós. Tanto como
no ocidente, essa atividade é bastante representativa da arte do Império Romano
oriental na Idade Média.
Apresentava muitas
variações, que podem corresponder às diferentes localidades de origem desses
manuscritos. Podem ser encontradas desde páginas inteiras ilustradas às
iluminações somente no meio de um texto. As ilustrações de manuscritos gregos
parecem terem sido as preferidas pelos artistas.
Os retratos dos autores
presentes nas obras também seguiam a tradição da arte grega. Um bom exemplo
pode ser dado pela representação de São Marcos nos Evangelhos Rossano,
pertencente à Catedral de Rossano, sul da Itália.
Outro manuscrito grego
ilustrado foi Gênesis de Viena, hoje na Biblioteca Nacional de Viena. Os textos
são pequenos e as ilustrações pormenorizadas, podendo uma mesma iluminação
apresentar mais de um evento, com a repetição de personagens.
Conforme já foi dito, a ação dos iconoclastas acabou por destruir grande parte da arte bizantina. Entretanto, no reino da Imperatriz Irene (787 -813) e a partir de 843 (Imperatriz Theodora) pode ser observada a restauração do culto aos ícones e um novo período de ouro da arte Bizantina.
Mosaico
Trata-se do arranjo de
pequenos pedaços de vidros coloridos, pedras (como o marfim), cerâmica e outros
materiais adequados numa placa de plástico ou cimento preparada de forma a
aderir esses fragmentos. Costuma ser classificado como um tipo de pintura.
Os romanos foram os
primeiros a se dedicaram ao aprimoramento dessa técnica na realização de seus
pavimentos. Entretanto, na Idade Média talvez tenhamos os exemplos de mosaicos
mais famosos, tanto no interior das Igrejas Cristãs quanto na arte bizantina.
Costuma ser usado para realizar desenhos ou planos
coloridos. É encontrado especialmente adornando paredes e abóbadas. Seu uso em
exteriores é mais comum na arquitetura moderna, mas pode ser encontrado em
algumas fachadas de igrejas medievais. O mosaico realizado pelo artista
brasileiro Rodrigo de Haro na fachada da reitoria da Universidade Federal de
Santa Catarina é uma belíssima amostra de um mosaico contemporâneo.
Costumam ser
mais freqüentes nas obras realizadas em larga escala. Entretanto, existem
alguns exemplos de mosaicos portáteis e realizados em pequenos objetos, comuns
na arte Asteca mexicana.
Arte Bizantina-segundo período
Após 843, começa uma nova
era de ouro da arte Bizantina, com a restauração dos ícones.
O Império Bizantino de então já é bem menor do que aquele governado por
Justiniano, devido a perda de territórios para os árabes ou para a dinastia
Carolíngia.
O termo Renascença Macedônia
pode ser usado também para designar a arte do período, uma vez que ela continha
inúmeras referências clássicas. A denominação também baseia-se no fato dessa
época ser o começo de uma dinastia iniciada por Basil I (867 - 886), o
Macedônio.
Na arquitetura não houve
nenhuma construção que superasse em esplendor a Hagia Sophia, uma vez que
predominava nessa época construções mais modestas. Exemplos de construções
desse período são a Nea (destruída) e as demais igrejas em formas de quincunce
(uma abóbada central rodeada de quatro pequenas abóbadas), nas regiões de
Salonika, por exemplo.
A Igreja de San Marco, em
Veneza, tem clara inspiração na arte bizantina da época de Justiniano,
mostrando como esses valores estéticos acabaram por atingir o oeste. Com seus mosaicos e esculturas, influenciou a maneira como o
ocidente assimilaria a arte do leste. A Catedral de Pisa, construída pelo
arquiteto Busketos, que mistura elementos romanescos
aos bizantinos, é outro bom exemplo da expansão da arte bizantina.
Na pintura, os ícones são grandes destaques. De
profunda importância religiosa para a cultura do Império, as representações de
entidades divinas, em especial os vários santos, eram adorados tanto por
poderem estabelecer a ligação entre o plano humano e o divino, como pelas
figuras em si.
Os mosaicos são outro
importante meio decorativo usado na arte bizantina. Normalmente no interior de
igrejas, possuíam rica simbologia, representando Cristo, a Virgem, a Criança,
os profetas, os apóstolos, os santos. Havia ainda imagens mostrando as
principais festas do ano litúrgico bizantino.
A iluminação de manuscritos
continua sendo atividade importante na arte do Império. De uma forma geral,
temos várias amostras da arte bizantina dessa segunda época de ouro. No caso
dos manuscritos isso é ainda mais verdadeiro, tendo sobrevivido vários deles.
Aspectos da arte clássica costumam estar bastante ressaltados, como a
referência à mitologia grega. Paris
Psalter, de Psalms, que retrata
episódios do Velho Testamento, é um bom exemplo desses manuscritos.
Um dos últimos exemplos de
pintura bizantina pode ser dado pela Kariye Camii em Chora, Igreja do Salvador
. Realizada já no século XIV, mostra a resistência da Igreja Bizantina que,
mesmo com as tentativas de destruição promovidas pelo papado e as cruzadas,
ainda se mostrava vigorosa.
Quanto às esculturas, não há
muitos exemplos de esculturas monumentais, prevalecendo sua utilização na
decoração arquitetônica ou esculturas em pequena escala, como altares
portáteis.
Acredita-se que a arte
bizantina foi de fundamental importância para o início da Renascença Italiana,
assimilada tanto pelo contato comercial com o país latino, como pelo espólio
realizado pelas Cruzadas.
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